Bem-vindo ao Blog de Literatura: Litera Flix! Adentre o universo encantador das palavras e da criatividade imaginativa de uma escrita, nascida e crescida no Tocantins. Este é um espaço no qual as histórias são contadas quando querem falar, onde escrevo para (Re/a)presentar, simbolizar e às vezes até para (re)significar. "Já pinguei aqui, ali e acolá, mas ainda não fui temporal pra pingar em todo lugar."
sábado, 29 de novembro de 2025
Sapato velho
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Com carinho, ao mestre tocantinense
No chão vermelho do Norte, Tocantins em alvorada,
ergue-se a voz do mestre, firme, mansa, indignada.
Entre quadros e cadernos, sonhos plantam raiz,
fazem da sala pequena o mapa grande do país.
De Porto a Arraias, de Palmas a Tocantinópolis,
carregam livros e lutas, símbolos e propósitos.
No sol que racha o caminho, no ônibus da madrugada,
o giz riscando o destino, a esperança convocada.
Professor é quem acende, no olhar, primeira chama,
é timoneiro de pontes onde a vida se derrama.
No Brasil inteiro ecoa, do sertão ao litoral,
que sem magistério vivo não há futuro nacional.
Quantas greves, quantas cartas, quantas rodas na praça,
quanto amor virando pauta quando o tempo aperta e passa.
Piso, data-base, planos, letras frias viram flor
quando a lei encontra a vida no caderno do professor.
No Tocantins, mãos unidas, a classe ergue o coração,
voz que pede o justo peso: carreira, pão, condição.
PCCR não é cifra, é trilha, casa e cuidado,
é tempo de ver a filha, é sono não parcelado.
Quem ensina a ler o mundo, a somar dignidade,
conjuga verbo coragem com sujeito: liberdade.
Do barro nasce o futuro quando o quadro se ilumina
e a criança diz “eu posso” e a história se destina.
Mestre que atravessa enchentes, silêncio e barulho de trem,
que reparte o pouco giz para que caiba o “todos” e o “além”.
Que corrige prova à noite, com café e fé na mão,
e no outro dia sorri, costurando a educação.
Brasil de tantas bandeiras, de línguas e tradições,
é na aula cotidiana que batem as pulsações.
E o Tocantins reafirma, em canto claro e audaz,
que valorizar o mestre é valorizar a paz.
Que venham leis que amparem, que a pauta vire canção,
que o quadro-negro receba o branco da reparação.
Que o salário seja ponte, que o tempo seja abrigo,
que o respeito seja regra e caminhe sempre contigo.
Hoje, quinze de outubro, o país te diz: “Presente!”
Tu, que foste e és semente, árvore e rio corrente.
Professor, nosso farol, na chuva, sol ou calor,
nossa aula mais bonita é te chamar de “Professor”.
E quando a campa tocar, finda a lição derradeira,
que a cidade reconheça tua luta inteira.
No Tocantins e no Brasil, que a memória te enfeite:
sem professor, não há amanhã; contigo, o amanhã se ajeite.
sábado, 4 de outubro de 2025
Ponte da Amizade
Na Ponte da Amizade, ela ia embora; eu, chegando.
No meio, o rio brilhou amarelo como ipê.
Trocamos um “bom dia” e um vento virou meu chapéu para o lado dela.
Ela segurou. Sorri.
O ônibus buzinou, o barco apitou.
Ficamos com o chapéu — e um destino novo.
sexta-feira, 3 de outubro de 2025
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quinta-feira, 18 de setembro de 2025
Chuva do cajú
Cai a primeira gota,
um sino de água batendo na pele da cidade.
Palmas suspira: o pó levanta voo em pequenos pássaros
e volta ao chão como quem encontra o próprio nome.
É a chuva do caju*, a que floresce antes do tempo das águas,
abrindo em sinos brancos as bocas das árvores,
um anúncio de colheita escrito a céu aberto,
com vogais de vento e consoantes de relâmpago.
No finzinho do estio, tu chegas
com cheiro de terra recém-lembrada,
e eu te vejo, teus olhos são nuvens que se aproximam,
teu riso, o estalo doce do primeiro trovão.
As ruas bebem; os jardins se acendem de verde molhado;
o varal canta seu chocalho de pingos,
e nos quintais, as formigas carregam estrelas de açúcar
enquanto o coração da cidade desacelera no compasso da água.
Dizem os antigos: quando o caju floresce, a chuva visita.
E hoje ela bateu à porta, leve e certa,
trouxe contigo o rumor das safras, a promessa da polpa,
o lume âmbar do mel em nossas mãos.
Caminhamos pela tarde de setembro
como quem caminha por dentro de um fruto:
a casca é o céu cinzento, o suco é esse cheiro que nos segue,
e a castanha, escura e pequena, é a semente do que não dizemos.
Teu cabelo guarda gotículas, sinos mínimos,
cada um chamando meu nome num idioma vegetal.
Beijo teu ombro e penso no pomar inteiro inclinando-se
para ouvir a canção que se escreve entre teus cílios.
Não é ainda a estação das águas, eu sei:
é um prenúncio, um gesto, um começo de música.
Mas basta.
Basta esse fio de chuva para costurar nossos passos,
para lavar a poeira das promessas,
para plantar um outono de luz nos teus lábios.
À noite, Palmas brilha em poças,
constelações de rua, pequenos Tocantins espalhados.
Do galho, o caju pendura sua lâmpada rubra,
e nós, de mãos dadas, bebemos o ar
como quem sorve o primeiro vinho da safra.
Chove mais um pouco.
Meu nome cabe no teu, como a castanha no fruto.
E a cidade, em silêncio de chuva,
aprende conosco a pronúncia do que retorna:
amor,
colheita,
setembro.
sábado, 6 de setembro de 2025
Promessa de Beira-Rio
terça-feira, 22 de julho de 2025
QUEM MOVE O MUNDO
Sapato velho
No canto do quarto, repousa um sapato, pele gasta, sola fina, passo exato. Já não brilha, não disputa, não se exibe, mas g...
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