Das margens do Tocantins eu parti,
um filho da terra, criado em Tucuruí.
Mas o destino, ah, ele insiste em insistir,
como as águas que vão, eu fui seguir.
Porto Nacional, em suas salas aprendi
a magia das letras, a essência de existir.
Mas como já diziam, e aqui redizi,
o mundo é grande e cabe na janela sobre o quintal.
Goiânia! Oh cidade de cores, de luz,
em teus braços de cerrado encontrei meu chão.
Me acolheste como a Cecília acolheu o azul,
como Quintana aos pequenos dá grande atenção.
Cora, tua doçura de versos em minha vida se imiscui,
como o pequi no arroz, aqui achei meu lar.
Mas Bandeira me lembra, mesmo aconchegado num colchão
a angústia me visita, me diz: “você não está no teu chão”.
Apartamento montado, emprego arranjado, e ainda
o vazio me envolve em seu abraço frio e feroz.
É como a flor que brota em terreno ainda não lavrado,
ou o fruto que amadurece, mas não encontra sua voz.
E neste poema, este filho do norte com alma errante,
une caminhos, trilhas, aventuras e estradas e rota,
Cada verso é um passo na busca de ser relevante,
em Tucuruí ou Porto, onde o rio e a saudade mora.