Quando deixei o cerrado, o plano era claro:
O mestrado me chamava, o futuro a um disparo.
Mas a vida, ah, ela ri de nossos desígnios,
E deu-me um palco sem plateia, um ensaio vazio.
Em Goiânia, a dor da negação, o gosto amargo.
Mas de cada fim floresce um novo começo, um descargo.
Como os versos que não deram certo, mas tornam-se outro poema,
O caminho que se fecha é o prelúdio da próxima estrofe, a diadema.
Então veio a chance, um novo capítulo a escrever,
Uma passagem só de ida, um desconhecido a conhecer.
O exterior me acolheu, como um manuscrito em branco,
E ali redescobri minha voz, meu ritmo, meu encanto.
Cada língua que escuto é uma nova métrica,
Cada cultura que conheço, uma rima excêntrica.
Em terras estrangeiras, me encontro e me perco,
Mas cada perda é ganho, em meu vasto universo.
Hoje, quando olho para trás, vejo a beleza do acaso,
Cada revés foi um degrau, cada lágrima, um abraço.
O mestrado que não veio foi a pedra em meu sapato,
Mas também o combustível que me lançou ao firmamento exato.
Este poema é meu lema, e nele agradeço cada desvio,
Pois em cada curva inesperada, eu me torno mais meu, mais pio.
O exterior é agora meu lar, mas Goiânia, Porto, Palmas, Tucuruí, sempre em mim,
Sou feito de todos os lugares onde não fiquei e onde enfim, me encontro sem fim.