Fevereiro se foi, e o ano enfim começa,
Para nós, brasileiros, é quando o tempo aquece.
Carnaval terminado, realidade nos endereça,
Nesse mar de dias, um norte me apetece.
Retorno à terapia, divã de introspecção,
Onde cada palavra é semente em solo fértil.
Desabafo e escuto, nessa troca de atenção,
Páginas do meu ser, um livro semiaberto.
Março me acolhe, com suas chuvas e clares,
Nas sessões semanais, um diálogo comigo.
Às vezes dolorido, às vezes como ares,
Mas sempre necessário, um amigo e abrigo.
No espelho do terapeuta, vejo novas faces,
E assim me reconstruo, tijolo após tijolo.
Longe dos julgamentos, dos mundanos azares,
Aqui sou livre, numa troca sem jogo.
Recomeço o ano com o mais sábio dos olhares,
O olhar para dentro, onde moram meus segredos.
Em cada sessão, descubro novos itinerários,
Traço novas rotas, longe de antigos medos.
E por isso sou grato, a este espaço sagrado,
De cura e crescimento, de ser e de estar.
Neste ano de mil e uma coisas, já bem traçado,
Retorno à terapia, meu farol, meu altar.