quinta-feira, 9 de setembro de 2010

No Apertamento, e Além: Cantigas de um Viajante


No apertamento, paredes testemunhas, quietas,  

Poucas visitas, a solidão e eu, íntimas cometas.  

Algumas desejadas, como a musa que se senta,  

Outras, como a saudade, penetram sem permissão, indiretas.


As quatro paredes me encerram, mas também me resguardam,  

Entre os móveis que montei, meus sonhos se alargam.  

Mas o tempo, o insaciável, rói as horas, e então me afoito,  

E assim, de mala feita, me lançam a outro recinto, a outro açoite.


Cruzei o céu, além do Atlântico, em voo noturno,  

O apertamento ficou para trás, agora, o mundo é meu turno.  

Amsterdã me recebeu, invernal, escura, mas repleta de luzes,  

E entre canais e ciclovias, encontrei novos trajetos, novas cruzes.


Lá, na terra dos moinhos e das tulipas, renasço,  

O frio me corta, mas a novidade aquece meu abraço.  

Sem cantigas de chegada, mas com um silêncio eloquente,  

A capital holandesa me faz poeta novamente.


No apertamento, a solidão foi minha dura amiga,  

Em Amsterdã, ela me segue, mas sua face é menos fadiga.  

Ambas são etapas, capítulos de minha longa balada,  

Sou o viajante que faz de cada parada uma nova jornada.


Assim escrevo o outro verso, um relato de transições,  

De um apertamento em Goiânia a canais de novas nações.  

Cada estrofe é um lugar, cada rima uma nova memória,  

E assim, tecendo palavras, escrevo minha eterna história.


Gratidão ao Programa Em Paz

Em um espaço de ouvir e aprender, Corações abertos, prontos a entender. Supervisão que guia, acolhe e reflete, Um farol que ilumina o ca...